quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Apêndice

Registo de óbito de Manuel Nunes Rodrigues

Tivemos muita dificuldade em ler este registo de óbito. Haverá por isso alguns erros na transcrição, mas globalmente está certa. O pároco só copiou do testamento o que tinha interesse do ponto de vista religioso, isto é, das doações e dos sufrágios.

Manuel Nunes Rodrigues, do lugar da Quinta desta freguesia de Santa Eulália de Balasar, faleceu da vida presente aos nove dias do mês de Outubro de 1760, com todos os Sacramentos; fez testamento.
Disse que o seu corpo fosse amortalhado num hábito de São Francisco e sepultado na sua capela da Senhora da Lapa e se fizessem por sua alma três ofícios, o de corpo presente geral e os dois deixa somente de vinte padres; deixou se façam por sua alma na sua capela dez Missas e mais deixou na dita capela em louvor da Família Sagrada dezoito Missas e ao santo do seu nome duas e ao Santo Cristo de Santa Lucrécia da Ponte do Louro quatro e na dita freguesia do Louro, à Senhora do Rosário, quatro, a Santo António da mesma freguesia do Louro doze, à Senhora dos Prazins da mesma freguesia do Louro vinte, a São João quatro, a São Paulo quatro, ao Anjo da Guarda quatro, à Senhora da Conceição quatro, a São Marcos e a São Jerónimo quatro, a São Sebastião quatro, à Senhora das Necessidades seis, à Senhora do Socorro seis, às Onze Mil Virgens quatro, à Senhora da Piedade quatro, à Senhora do Amparo quatro, à Senhora da Abadia cinco, e mais pela sua alma cem Missas. Deixa mais em altar privilegiado pela sua alma cem; deixa mais de tenção novecentas e cincoenta; deixa a Santo António da freguesia de Santa Lucrécia do Louro vinte mil réis, deixa a São Gonçalo da freguesia de São Martinho de Cavalões três mil e duzentos, à Senhora dos Prazeres da sua freguesia do Louro três mil e duzentos, deixa à Senhora do Socorro, em Vila do Conde, para obras da capela, mil e quatrocentos (que se entregarão ao administrado que for da dita capela).

Início do registo de óbito de Manuel Nunes Rodrigues

Deixa mais que se dará a cada criado que o estiver servindo mil e duzentos e cada escravo mil e duzentos, e fato (?) de sitia (?), e calção, chapéu e fumo; a sua comadre Teresa Selhas de luto igual ao das suas filhas, a Maria, solteira, do Calvário, seiscentos réis, a Maria Gonçalves, do Calvário, mil e duzentos; deixa mais a Manuel da Costa Almorode (?) mil e duzentos e a um filho manco de Serafina da freguesia do Louro seiscentos, deixa a Manuel Souceiro dessa freguesia mil e duzentos, a sua filha Jacinta (?) e filha de sua irmã quarenta (?) e nove mil e duzentos e a sua irmã Mariana seiscentos (?) e quatro mil e oitocentos e a sua afilhada Esperança da freguesia de Vilarinho dois mil e quatrocentos e a seu afilhado Manuel, filho de Manuel Gonçalves, o soldado, dessa freguesia mil e setecentos; e mais deixa que no dia do seu enterro se dêem aos pobres seis mil e quatrocentos, de que não será obrigado a dar conta desta parcela o seu testamenteiro; deixa mais a seu afilhado de São Tiago d’Antas três mil e duzentos; deixa mais uma missa perpétua em todos os domimngos e dias santos do ano dita na sua capela, e o seu preto José forro; e mais não disse.
Foi sepultado na sua capela da Senhora da Lapa, com licença impressa do Senhor Ordinário, que me apresentou. E por achar ser verdade fiz este termo que assino; era

Esta abundância de sufrágios e doações era então comum – naturalmente entre a gente abastada. Sendo mencionadas diversas igrejas, a paroquial, ao menos directamente, não o é.
A menção dos escravos também não será muito de surpreender no caso de um homem tão abastado. Mas pode indiciar alguma coisa sobre o seu passado.

Assento de baptismo do filho duma escrava de Manuel Nunes Rodrigues

Data de 1753 este assento de baptismo e o pequeno baptizado era filho duma escrava de Manuel Nunes Rodrigues. Com alguma ironia, chamaram-lhe Boaventura, que é o mesmo que boa sorte. Mas ali não ficou registado o nome do pai, o que não era de bom augúrio.
Boaventura, filho de Rosália Olívia, escrava esta de Manuel Nunes, do lugar da Ponte desta freguesia de Santa Eulália de Balasar, nasceu aos doze dias do mês de Abril do ano de mil setecentos e cinquenta e três e foi baptizado por mim, António da Silva e Sousa, reitor desta igreja de Santa Eulália de Balasar, aos quatro dias do mesmo ano. Foram padrinhos Manuel da Costa, da Zenha, e Teresa da Costa, mulher de Manuel da Costa, do lugar do Matinho, estando por testemunhas Manuel da Costa, do Matinho, José, criado do Reverendo Reitor, e João, criado do mesmo, e, por assim ser verdade, fiz este termo, que assinei. Era ut supra.
O Reitor António da Silva e Sousa. Era ut supra.
O Reitor António da Silva e Sousa


Uma enjeitada

Em Balasar, por meados do século XVIII, houve muitos filhos de mãe solteira e um ou outro enjeitado. Transcrevemos o assento de baptismo duma enjeitada:

Aos sete dias do mês de Abril de 1754, apareceu uma menina exposta nesta freguesia de Santa Eulália de Balsar e, por duvidar do seu baptismo, foi baptizada sub conditione por mim António da Silva e Sousa, Reitor desta mesma igreja, com licença do padre Encomendado desta mesma, aos oito dias do mesmo mês e ano, e chama-se Antónia de S. José. Foram padrinhos o Rev. Reitor desta mesma igreja, e Teresa, solteira, filha de Francisco Machado, de Gresufes, estando por testemunhas o Rev. Encomendado, João, criado, e José, criado do Rev. Reitor. E por assim ser verdade mandei fazer este termo, que assinei. Era ut supra.
O Rev. Encomendado João Carvalho
João, solteiro
José, solteiro


Dois casamentos

Estes dois casamentos são de duas jovens dos Grã-Magriços. A primeira, D. Ludovina, será porventura tia da segunda, D. Francisca Violanta.

Aos quatro dias do mês de Fevereiro de 1730, se receberam em minha presença e das testemunhas ao diante nomeadas, na forma que manda o Sagrado Concílio Tridentino e novas Constituições, Cristóvão de Babo Machado da Silva e Bulhões, filho legítimo de Pedro Machado da Silva e de sua mulher D. Adriana de Magalhães e Bolhões, já defuntos, da freguesia de S. Pedro de Esmeriz, e D. Ludovina Josefa Magriça Sottomayor, filha legítima de Manuel Carneiro da Grã Magriço e de sua mulher D. Paula de Sousa Barbosa, já defunta, desta freguesia de Santa Eulália de Balasar, estando por testemunhas Miguel Pereira de Macedo e Domingos Martins, Domingos Alves, todos da freguesia de Gondifelos.
E por ser verdade mandei fazer este assento, que assinei. Era ut supra.
João da Silva

Manuel da Silva Reis Álvares, filho legítimo do capitão João Dias ferido, e de sua mulher Josefa da Silva Reis, da freguesia de Alvarelhos, comarca do arcebispado do Porto, neto pela parte paterna de João dias e de sal mulher Maria Antónia, da freguesia de S. Martinho do Campo, e pela parte materna neto de João Álvares de Amorim e de sua mulher Feliciana da Silva Reis, e D. Francisca Violanta, filha legítima de Manuel Nunes e de sua mulher D. Benta Carneiro Magriça, do lugar da Igreja, neta pela parte paterna de João Nunes e de sua mulher Domingas Rodrigues, da freguesia de S. Lucrécia da Ponte do Louro e pela materna neta de Alexandre Carneiro e de sua mulher D. Maria Carneira de Sá, do lugar da Igreja desta freguesia de Santa Eulália de Balasar, na forma que manda o Sagrado Concílio Tridentino e constituições deste arcebispado, se receberam in facie Ecclesiae, em presença do Padre Remígio Nunes da freguesia da Ponte do Louro, com minha licença, estando presentes as testemunhas abaixo mencionadas, por palavras de presente, aos 31 dias do mês de Agosto do ano de 1766, estando testemunhas Manuel Carneiro da Grã Magriço, do lugar da Igreja, o Padre António da Silva, coadjutor desta mesma igreja, P.e João da Costa, todos desta freguesia.
E por assim ser verdade fiz este termo, que assino. Era ut supra.
O Reitor António da Silva e Sousa
O Coadjutor António da Silva
P.e João da Costa
Manuel Carneiro Grã Magriço

1 comentário:

  1. Só uma pequena correção:
    a testemunha do casamento de D. Ludovina era Miguel Ferreira de Macedo que assinou com as outras 2 (e não, Pereira).

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