Manuel Carneiro da Grã e Manuel Carneiro da Grã-Magriço, o avô paterno de D. Benta
Os registos paroquiais de Balasar permitem-nos saber pormenores dos Grã-Magriços que não estavam divulgados. E permitem-no-lo a partir de documentos em primeira mão.
Neles, o pai de D. Benta, Alexandre Carneiro ou Alexandre Carneiro da Grã Magriço, não está muito presente, mas o avô, Manuel Carneiro da Grã-Magriço, esse parece ter sido uma figura popular.
Deveria ser sobrinho de Manuel Carneiro da Grã, também uma figura popular em Balasar e que o precedeu na casa e que lha terá doado, porventura por não ter descendência.
Neles, o pai de D. Benta, Alexandre Carneiro ou Alexandre Carneiro da Grã Magriço, não está muito presente, mas o avô, Manuel Carneiro da Grã-Magriço, esse parece ter sido uma figura popular.
Deveria ser sobrinho de Manuel Carneiro da Grã, também uma figura popular em Balasar e que o precedeu na casa e que lha terá doado, porventura por não ter descendência.
O avô de D. Benta casou em Balasar, mas, pelos vistos, nem ele nem a noiva eram de lá. Veja-se o que consta do registo de casamento:
Aos dois dias do mês de Maio de 1699 anos, se receberam em minha presença e das testemunhas abaixo mencionadas, na forma do Sagrado Concílio Tridentino, Manuel Carneiro da Grã Magriço, filho legítimo de António de Castro Raimonde e de sua mulher Mariana Carneira Magriça, já defuntos, moradores que foram no Couto de Arentim, e D. Paula de Sousa Barbosa, filha legítima de Manuel da Rocha Barroso, já defunto, e de sua mulher D. Felícia de Barros Barbosa, da freguesia de Meixedo, do termo de Viana, estando por testemunhas António Carneiro, do Couto de Arentim, e Jacinto Fernandes (?), solteiro, do Matinho, e Manuel Martins, do Matinho, desta freguesia, de que fiz este assento, que assinei, dia e era ut supra.
Silvestre da Costa Montalvão
Era ele então de Arentim, não longe de Braga, e a noiva de Meixedo, não longe de Viana. Provavelmente, porém, se o anterior Grã Magriço lhe queria deixar a casa, já o teria a viver nela - senão o casamento não se realizaria em Balasar.
Esse anterior Grã-Magriço assinava apenas Manuel Carneiro da Grã e era casado com D. Mariana de Barros.
Em 29 de Março de 1676, Manuel Carneiro da Grã e D. Mariana de Barros, sua mulher, apadrinham uma criança de Vila Pouca.
Três anos antes Manuel Carneiro da Grã fora também padrinho de baptismo:
Aos 24 dias do mês de Setembro de 1673 anos, baptizei João, filho de António de Castro, do Couto de Cambeses, e de sua mulher, Maria Carneira. Foram padrinhos Manuel Carneiro da Grã, seu irmão, e João de Caldas.
João da Silva
Em 1683, Manuel Carneiro da Grã foi juiz da Confraria do Santíssimo Sacramento de Rates e nessa qualidade decidiu, com a esposa, comprometer-se com uma pensão perpétua para a irmandade. Essa pensão incidia sobre uma sua propriedade sita no Outeiro de Revelhe, em Balasar, foreira à Casa de Bragança.
Há um assento de casamento de uma filha de Manuel Nunes Rodrigues e D. Benta Carneiro da Grã-Magriço – chamada D. Francisca Violanta – que nos diz os nomes dos seus avós.
Manuel Nunes Rodrigues, ou antes, Manuel Nunes, do lugar da Igreja, em Balasar, era filho de João Nunes e Domingas Rodrigues, da freguesia de Santa Lucrécia da Ponte do Louro (entenda-se Louro, V.N. de Famalicão); os pais de D. Benta Carneiro da Grã-Magriço eram Alexandre Carneiro e D. Maria Carneiro de Sá, do lugar da Igreja.
Esta informação, à primeira vista vulgar, já assegura que os apelidos Louro Nobre que se costumam atribuir a Manuel Nunes Rodrigues não têm qualquer fundamento nos nomes dos seus pais.
Veja-se agora o registo de baptismo de D. Benta.
Benta, filha legítima de Alexandre Carneiro e de sua mulher D. Ana Maria Carneira, do lugar da Ponte, nasceu aos 17 dias do mês de Fevereiro de 1727; foi baptizada por mim, Padre João da Costa, cura desta freguesia, aos 23 dias do mesmo mês e ano, foram padrinhos o Padre D. António Gavião, vigário de São Simão [da Junqueira] e Ludovina, solteira, filha de Manuel Carneiro desta freguesia, estando presentes testemunhas o Padre Miguel Martins e Domingos Martins, ambos da freguesia de Gondifelos, e Manuel Carneiro da Grã.
E por ser verdade, fiz este termo, que assinei. Era ut supra.
O Padre Miguel Martins
O Cura, o Padre João da Costa
Manuel Carneiro da Grã Magriço
Manuel Nunes Rodrigues era analfabeto.
No Roteiro dos Culpados
Desde que se sabe que o marido de D. Benta se chamava Manuel Nunes ou Manuel Nunes Rodrigues, verifica-se que ele é nomeado no Roteiro dos Culpados de Balasar, publicado por Franquelim Neiva Soares no seu artigo intitulado “Subsídios para a História de Santa Eulália de Balasar” .
Em 1755, registou-se esta informação pouco edificante sobre a sua pessoa:
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Manuel Nunes Rodrigues, casado, brasileiro, por armar arruídos na igreja e descompor o reitor dela e chamar nomes injuriosos a várias pessoas, causando motins na mesma.
Era então brasileiro Manuel Nunes Rodrigues e devia pensar que podia usar por cá os bravios excessos que lhe teriam sido comuns no Brasil com os seus trabalhadores escravos. Em 1755, era tempo do Marquês de Pombal; uns 20 anos antes deveria ser vulgar comunicar uma ocorrência destas à Inquisição…
Também a mãe de D. Benta, “D. Maria Carneiro de Sá, viúva”, ocorre no Roteiro. O caso dela tem a ver com um moleiro, de nome Custódio dos Santos, a quem ela possivelmente incitaria a pagar-se exageradamente pelo seu trabalho. Começou por ser “admoestada pelo pároco”, em 1739, e, em 1742, foi considerada cúmplice do moleiro.
A lápide tumular de Manuel Nunes Rodrigues
Ele deve ter sido um emigrante bem-sucedido (como sugere o seu assento de óbito) que, depois de regressar do Brasil, casou com uma mulher jovem e nobre: ele enriquecia-a e ela nobilitava-lhe a descendência.
Como ele se preocupou com construir a sepultura e fazer testamento, provavelmente sentir-se-ia já idoso naquele ano de 1758. Ora o seu herdeiro nascera apenas 12 anos antes.
A inscrição completa da lápide funerária de Manuel Nunes Rodrigues reza assim:
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ESTA CAPELA E SA MDO FAZER MEL NVNES RZ~ E NELA qER SER EMTERADO SE FALESER NESTA qVINTA OV PERTO DELA ANO D 1758
A saber: “Esta capela e sepultura mandou fazer Manuel Nunes Rodrigues e nela quer ser enterrado se falecer nesta quinta ou perto dela. Ano de 1758”.
Manuel Nunes Rodrigues morreu em 1760 e foi sepultado, como era seu desejo, na sua capela, amortalhado num hábito de S. Francisco.
Manuel Nunes Rodrigues morreu em 1760 e foi sepultado, como era seu desejo, na sua capela, amortalhado num hábito de S. Francisco.
Foi da maior importância que Manuel Nunes tivesse deixado um registo da sua obra – uma vez que no nome do herdeiro não há qualquer memória dos apelidos paternos… Que se saberia dele se ele não o tivesse feito?
Imagens a partir de cima:
Registo de casamento de Manuel Carneiro da Grã-Magriço
Lápide sepulcral de Manuel Nunes Rodrigues
Registo de óbito de D. Benta
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